terça-feira, 4 de agosto de 2009

A janela


As pessoas no ônibus parecem impessoais, com aqueles olhares perdidos de quem não conhece sequer seu destino. Barris carregados para qualquer porto. Parecem abismadas em suas tempestades cotidianas e desejam apenas chegar a algum paradeiro. Um lugar que quebre a monotonia insuportável dos barulhos dos motores, dos pensamentos enlouquentes, das desventuras imaginárias. Ou talvez, uma janela, pela qual se possa mergulhar no mar do surreal e, num passe de mágica, esquecer absolutamente tudo. Tudo o que por horas se tenta enterrar, mas que está sempre ali, cutucando ferimentos antigos. Enquanto isso, continua-se a caminho do ponto final. Que nunca custou tanto a chegar.


[SANTOS, Natasha. A janela. In: Palavra Viva. Curitiba: UP, 2007. p.81.]

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